A crise energética global levou os investidores a redefinirem as suas estratégias de negócios. À medida que as preocupações com a segurança energética ameaçam retirar da agenda a neutralidade de emissões, como as empresas vão equilibrar o trilema de energia?
Uma nova investigação da Baker Hughes concluiu que a crise de segurança energética, e a consequente elevada procura de gás natural por parte de outros países que não a Rússia, está tornando o gás natural e o GNL uma prioridade de investimento para empresas de energia e empresas industriais. No inquérito anual Energy Transition Pulse realizado a 555 líderes empresariais de 21 países, 57% planejam fazer novos investimentos com gás natural ou já o fizeram. Outros 65% afirmaram que a volatilidade dos preços da energia acelerou a sua decisão final de investimento.
A maioria dos inquiridos está investindo ou planeja investir em gás natural/GNL como resultado da crise de segurança energética
Até que ponto você concorda ou discorda da seguinte afirmação sobre sua organização? Fizemos ou estamos a planejando fazer novos investimentos em gás natural/GNL como resultado da crise de segurança energética
A Woodside Energy é uma delas. Na Austrália Ocidental, está expandindo a capacidade de processamento de gás com a construção de um segundo trem de GNL na planta Pluto GNL.
Meg O’Neill, CEO da Woodside Energy, faz a seguinte afirmação:
“Os mercados estavam apertados mesmo antes de a Rússia invadir a Ucrânia. Para o equilíbrio global entre a oferta e a procura de petróleo e GNL, e cada vez mais de hidrogênio, esperamos que o mundo precise de todos esses produtos no período em que esses ativos estarão disponíveis.”
Muitas empresas também estão aproveitando oportunidades em energias renováveis, como energia eólica e solar. Quase metade das empresas (49%) incluídas no estudo da Baker Hughes afirma ter feito ou planeja fazer investimentos em energias renováveis como resultado direto da crise energética.
A multinacional química Solvay é outra empresa que tenta diversificar o seu fornecimento de energia e reduzir as emissões em linha com as metas Net-Zero.
“Estamos utilizando GNL e combustíveis alternativos, ao mesmo tempo que tentamos viver com menos gás”, afirma Ilham Kadri, CEO e presidente do comité executivo da Solvay. “À medida que a crise Rússia-Ucrânia coloca em evidência a necessidade de desenvolver fontes de energia alternativas, mais cedo ou mais tarde, o investimento em novos ecossistemas energéticos tornou-se crítico. A crise é uma oportunidade para construir essa infraestrutura mais rapidamente, em escala e ao custo certo. Isto é vital para a competitividade da pegada industrial europeia”.
As empresas e os gestores de políticas públicas terão de ampliar as suas apostas
A perturbação dos mercados de energia globais mostrou aos gestores de políticas públicas que eles precisam reduzir a sua dependência de uma única fonte de combustível. A União Europeia, por exemplo, está tomando medidas para diversificar o seu abastecimento de fontes de energia, com um plano de 210 mil milhões de euros para acelerar a transição energética. As suas medidas incluem compras de gás natural, GNL e hidrogénio para todos os Estados-Membros, aumento da produção de biometano e uma rápida implementação de projetos solares e eólicos. Os EUA estão a fazer esforços semelhantes com a Lei de Redução da Inflação, que investirá cerca de 369 mil milhões de dólares em programas de segurança energética e alterações climáticas ao longo dos próximos 10 anos.
Entre as opções de diversificação apresentadas na pesquisa da Baker Hughes, a energia solar, o gás natural/GNL e a biomassa/resíduos em energia são apontadas pelos líderes empresariais como as mais utilizadas ou investidas, com cerca de quatro em cada 10 empresas esperando priorizar estes no futuro. Outros 35% dizem que irão investir ou utilizar armazenamento de energia, 32% em energia eólica e 31% em energia geotérmica.
Espera-se que a utilização e o investimento em biomassa, armazenamento de energia, energia geotérmica e hidrogênio aumentem mais no futuro em comparação com hoje.
Quais das seguintes fontes/tecnologias de energia você espera priorizar o uso ou investimento no futuro?

A transição precisa de investimento em tecnologia
Uma transição energética bem-sucedida requer infraestruturas de apoio. Para atingir a meta net zero do Acordo de Paris até 2050, as empresas também devem investir em tecnologias e aplicações como o hidrogênio e a captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS), que podem ajudar a reduzir as emissões.
“Se quisermos atingir os objetivos do Acordo de Paris, precisamos de capturar, armazenar e utilizar CO2”, afirma Lorenzo Simonelli, presidente e CEO da Baker Hughes. “Estamos desenvolvendo ótimas maneiras de retirar CO2 da atmosfera e utilizá-lo como uma compensação em relação ao net zero. O hidrogênio também é muito interessante como combustível mais limpo, utilizado para produzir compostos adicionais, incluindo amoníaco, e estamos a investir fortemente em turbinas que possam produzir e distribuir hidrogênio.”
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